Carina Maionchi nasceu em 21 de maio de 1990 e hoje, com 26 anos, é ilustradora e aprendiz de tatuadora. Atualmente morando em São Paulo, a raiz de seu trabalho está na ilustração de shapes de skate.
Desde as lembranças mais antigas, Maitch 一 nome com o qual assina seus trabalhos 一 diz que sempre foi artista. “Eu lembro que quando eu era pequena, por volta dos 9–10 anos, eu queria ser grafiteira ou desenhista de quadrinhos. Para mim, arte é uma maneira de contar uma história e o desafio é achar sobre o que você quer falar com a sua arte”.
Porém nem tudo foram flores. Carina conta que em um primeiro momento sua família considerou sua arte como um hobby, e não como uma profissão. Nesse início ela confessa que também não enxergou claramente o que poderia construir se realmente decidisse seguir a área que ama. Ela frisa que seguir o ramo exige coragem e que não é uma tarefa simples largar um trabalho CLT e seguir os seus sonhos, porém é o caminho mais satisfatório que pode existir. “Muita gente escolhe o caminho mais conservador, busca se encaixar em um emprego que não gosta encarando como o caminho mais fácil, mas pra mim esse sempre foi o caminho difícil. Sacrificar quem você é para viver dentro do padrão não era uma opção. Eu tentei por 2–3 anos me manter em empregos regulares, mas nunca fui feliz”.
No momento em que parou para pensar que todos os seus ídolos eram artistas, todos os que admirava fugiam do padrão, Carina despertou e ficou claro que até então ela estava desperdiçando tempo. Resolveu mudar tudo, se dedicar a fazer o que amava e parar de gastar energia com o que não interessava. No começo seus pais não entendiam, porém, “os nossos pais sempre querem o melhor para nós e eles nunca haviam visto ninguém fazer essa opção e passar a trabalhar com arte e ilustração” afirma Maitch. Atualmente os pais da artista compreendem e respeitam sua escolha.
Destacando que foi importante cursar alguns períodos da faculdade na área, Carina diz que tanto as pessoas, quanto os professores, acrescentaram muito em seu trabalho, e inspiraram-na de diversas maneiras. Muitas pessoas que conheceu na universidade tinham diversos interesses em comum com ela, sendo assim, foi construtivo e edificante. Além disso, lá que foi apresentada aos softwares de design que utiliza diariamente no desenvolvimento de seus trabalhos.
Quando questionada sobre ter saído da faculdade antes do término do curso, a resposta dela é categórica: “Antes de responder essa, vamos deixar bem claro aqui que não aconselho ninguém a fazer isso! Mas eu pessoalmente saí, pois o curso deixou de fazer sentido para mim” e explica “eu havia pegado toda a base necessária de softwares digitais, feito todos os cursos extras e workshops do meu interesse, estava efetivada como designer em uma agência e a voz me dizendo que não era isso que eu queria seguir como carreira estava cada vez mais alta na minha cabeça”.
Sobre seus trabalhos favoritos, ela destaca pintar paredes e o grafite. Carina não é uma pessoa paciente, gosta de ter o resultado rápido com a lata de spray. Ao mesmo tempo, trabalhar em grande escala desenvolve seu estilo gráfico, dá noção de cores, sketches e principalmente, a paciência. Como ilustradora, para desenvolver um sketch ela leva entre 10 a 20 minutos. Agora, quando a escala é maior, o trabalho pode girar em torno de dois ou três dias.
Quando incentivada a falar sobre a melhor experiência profissional de sua vida, Maitch diz que é difícil responder apenas uma. Destaca que ama todos os projetos que faz e que cada nova experiência a deixa mais empolgada que a anterior. Nos últimos meses, a melhor têm sido aprender a tatuar. “É tudo que eu penso e treino 24 horas por dia”. Comenta que também está com um projeto de desenvolvimento de seis estampas para uma marca de Streetwear, e que está muito feliz com o resultado que vem obtendo. Além disso, conta que também gostou muito de grafitar uma casa noturna, onde pintou um dragão gigante com cores que brilham no escuro.
Desde o começo a artista agregou muito valor ao trabalho e ao estilo gráfico. Todos que buscam sucesso nessa área devem valorizar a própria singularidade e manter-se leal ao seu estilo, segundo Carina, se você não fizer isso, ninguém mais irá fazer. “Hoje em dia as pessoas com quem fecho trabalhos me buscam pelo meu portfólio e quando acontece de me pedirem coisas que fogem da linguagem que construí, indico outros artistas dentro daquilo que buscam”.
Quando se trata de inspirações, ela enfatiza que se você é uma pessoa visual e tem uma conta no Instagram, você é influenciado por quase tudo. Quando começou era inspirada principalmente por grafite e histórias em quadrinho. Depois de um tempo, começou a ilustrar animais e temas ligados à natureza. Padrões geométricos, mandalas, pontilhismo, backwork, e padrões indígenas são os principais tópicos que influenciam seu trabalho hoje em dia. “E falando de influência eu preciso falar de música. Hip-hop, Rap, R&B são basicamente o meu combustível”.
Sua mais recente experiência está em fazer tatuagens, habilidade que ainda está desenvolvendo. Foi sempre algo que esteve presente em sua cabeça, mas até o ano passado Carina sentia que ainda não era a hora. Ela busca evoluir sempre e se manter motivada e curiosa. Até então estava muito obcecada em desenhar no papel, telas, paredes, pranchas de surf e skate, além de testar todos os tipos de materiais que estavam ao seu alcance.
Mas somente no começo de 2016 começou a ficar mais interessada por tatuagens, acompanhar o trabalho de diversos tatuadores das mais diversas partes do mundo, visitar estúdios de amigos e pesquisar sobre o assunto. Quando se deu conta essa ideia já estava muito presente em sua realidade. É uma maneira de levar o próprio trabalho a um próximo nível. Ao final, Carina confessa: “Não posso negar também que tive forte influência e incentivo do artista que mais admiro, dos amigos, das minhas irmãs e da minha mãe, que me surpreendeu bastante porque ela odeia tatuagem”.
Em uma frase sucinta, ela deixa a dica para todos que tem alma de artista: “Deixe sua mente livre e siga sua intuição”.
Publicado em: Blog Verbatômico.
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