Não é tarde para fazer um intercâmbio, basta estar preparado

Fiz meu primeiro intercâmbio aos 18 anos, em 2011. Morei por 8 meses na região Oeste do Canadá, vivenciando dois tipos de programas diferentes, o High School, que é estudar em uma escola de ensino médio, e um curso de idiomas em uma escola de inglês para estrangeiros, mais precisamente a ILSC de Vancouver.

Idade para intercâmbio

Depois disso, em 2013 comecei a trabalhar com intercâmbio, e desde então me mantive na área. Intercâmbio é muito mais do que turismo, é educação e, para a maioria das pessoas é sonho também. Lidar com essas duas peças é algo que traz extrema satisfação (para quem gosta, claro).

Nesses mais de cinco anos de experiência, tanto com vendas para o estudante final, quanto cuidando da parte de operação, produto ou como fornecedor, tive os mais diversos perfis de alunos, provavelmente algum que se enquadra ao seu! Existem pessoas que estão completamente prontas para vivenciar essa experiência e outras que precisam ser preparadas para isso, porque jamais se colocaram fora da realidade em que vivem.

Afinal, o que é o intercâmbio?

Intercâmbio é vivenciar o novo, o diferente, algumas coisas maravilhosas e outras que ficamos pensando “mas por que é que eu vim pra cá?” Intercâmbio é sim estudar, mas a maior parte do dia você fica fora da sala, na cidade, vivenciando aquela cultura. É muito mais do que ser apenas o turista, é viver com pessoas que são de lá, que têm costumes completamente diferentes dos nossos, alguns que você irá admirar, outros que não irá concordar, mas que acima de tudo, é necessário respeitar!

Nesse tempo todo lidando com os mais diversos alunos, pais e responsáveis dos alunos, já vi muita gente preconceituosa, homofóbica, xenofóbica e racista. Sabe o que é melhor de ter vivenciado essas situações? É que o mercado do intercâmbio não diz amém para essas pessoas apenas porque elas estão pagando pelo programa. Desde as primeiras orientações aqui do Brasil, até quando chegam nas escolas, as instituições, de um modo geral, mostram que o mais incrível do intercâmbio é a diversidade, cultural e racial, entre outros aspectos.

O intercâmbio é vivenciar o diferente, desde refeições em horários muito distintos dos nossos, até a rotina completamente oposta, tanto para países com melhor qualidade de vida, quanto para países onde a qualidade de vida é pior do que no Brasil.

Convido vocês a lerem duas publicações que escrevi em 2017 e 2016, respectivamente sobre os intercâmbios de curto período que realizei em Malta e na África do Sul.

Quais são os tipos de intercâmbio?

Existe uma diversidade muito grande entre opções de intercâmbio que podem ser realizados, vou colocar abaixo as opções de acordo com a idade para que você analise tanto um possível intercâmbio seu, quanto de alguém da sua família:

Para os filhos – 11 aos 17 anos:

– Existe a possibilidade de realizar um programa de férias, onde um líder vai acompanhando o grupo de brasileiros e os alunos estudam inglês no período da manhã, de segunda a sexta-feira, além de realizarem atividades a tarde e muitas vezes viagens nos finais de semana. Esse é um dos programas que os pais costumam ter informações sobre a maior parte do itinerário antes de fazer a matrícula. Normalmente acontecem em janeiro ou julho e duram de duas a quatro semanas.

A grande diferença de uma temporada para a outra é que em julho os programas normalmente acontecem dentro de alguma universidade e os alunos ficam em residência estudantil. Nesses casos as escolas de idiomas alugam espaços dentro das universidades e utilizam a estrutura das mesmas. Já em janeiro, esse tipo de programa costuma ocorrer dentro das escolas e as acomodações são em casa de família. As refeições normalmente variam de meia pensão (café da manhã e jantar) e pensão completa (café da manhã, almoço e jantar).

Existe também os programas de férias em que o aluno sai do Brasil sozinho e encontra o grupo lá na escola. Não muda muito comparado ao primeiro, só que não vai com um líder brasileiro e nem um grupo já fechado do Brasil.

– E ainda falando dos adolescentes, existe a possibilidade de os alunos cursarem uma parte do ensino fundamental ou médio lá fora. Normalmente os alunos estudam de um a dois semestres, mas é possível mais do que isso na maioria dos programas de High School. Há uma variedade de programas, assim como de preços, e os alunos podem estudar em escola pública ou particular, com família remunerada ou voluntária (em alguns países). Existem também as escolas boarding, que são aquelas em que os alunos ficam na acomodação estudantil da própria escola e não na casa de família (que é o mais tradicional nos programas de High School).

Os programas citados aqui podem ocorrer nos mais diversos países, os mais populares são Canadá, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido, entretanto estão disponíveis em outros países, inclusive de língua espanhola, italiana, alemã, francesa, entre outros.

Para os adultos – 18 anos ou mais (sem limite):

– Aqui dou ênfase no sem limite de idade. Muita gente reclama que “passou da idade de fazer intercâmbio”, tenham em mente a seguinte frase:

Não existe idade para ser feliz, e se realizar um intercâmbio te fará feliz, faça!

Dito isso, vamos às diversas possibilidades que temos para nós, adultos.

– Curso de idiomas: É o meu favorito, já fiz três até o momento, um de três meses e dois de duas semanas cada, esses últimos nas minhas férias de 2016 e 2017. É basicamente estudar em uma escola de inglês no exterior. Existe uma variedade imensa nesse campo, você pode estudar inglês na América do Norte, Europa, Ásia, Oceania e África. Ou então espanhol na América Latina ou Europa, e idiomas como alemão, italiano e francês também na Europa, além do mandarim e japonês na Ásia.

A variedade é imensa, é necessário avaliar qual idioma será bom no seu caso. Existem cursos a partir de uma semana até um ano e as acomodações são das mais variadas. As mais populares são casa de família e residência estudantil, mas, se não considerar o seu perfil, pode ver se existe algum studio vinculado à escola. E correndo por fora, existem as alternativas de alugar um apartamento, ou pegar um AirBNB.

Não é tarde para fazer um intercâmbio, basta estar preparado

– Programas profissionalizantes/técnicos e universitários: Possibilidades legais para quem já tem o idioma num nível mais avançado, fazer um curso no exterior pode agregar bastante para a carreira de muitos de nós. Aí vale analisar se existem cursos lá fora na sua área de atuação que valem aqui no Brasil, ou caso sua ideia seja ir morar fora e ficar por lá, quais cursos podem facilitar essa possível realidade. A maior parte de cursos técnicos e universitários precisa de um investimento maior do que um curso regular de idiomas, ainda assim, quando investimos bem os resultados valem a pena, certo? Dentro dessa possibilidade temos as opções de estudar dentro de universidade e de colleges, tanto públicos quanto privados, de acordo com o budget que cada um tem para investir.

– Estudo com trabalho: Nesse tempo que estou envolvido com intercâmbio, uma das procuras que mais cresceu é a possibilidade de estudar e trabalhar. Quando envolve um país que está aberto a dar uma permissão de trabalho para os imigrantes, o que nesse caso nos envolve diretamente (pois somos imigrantes para eles), as possibilidades diminuem bastante. Vou citar aqui os mais populares.

Para quem tem um nível baixo do idioma (leia-se básico/intermediário) as opções são Irlanda, Austrália e Nova Zelândia. A primeira citada aqui, honestamente, está abarrotada de brasileiros, o que muitas vezes acaba atrapalhando a experiência. Em contrapartida, costuma ser um dos melhores custo-benefícios. Quem estuda 25 semanas no país, pode trabalhar legalmente por meio-período, o que pode ajudar nos custos lá. A Irlanda tem detalhes bastante específicos, acredito que a melhor coisa é perguntar sobre para um consultor da agência que você confia.

Já quando falamos de Austrália e Nova Zelândia, o cenário muda um pouco. Cursos a partir de 14 semanas (aconselho mínimo 16, pela minha experiência) podem dar a permissão de trabalho para os estudantes. Vale destacar que em casos como esses, existe uma grande variável, principalmente referente à idade. Pessoas acima de 35 anos costumam ter mais dificuldades para conseguir vistos de longo período para esses países. Ainda assim, caso seja um desejo/sonho, aconselho a procurar o consultor da agência ou um despachante especializado para ver se o seu perfil pode se encaixar em uma dessas opções.

– Outras opções: Existe ainda, para determinados públicos, a possibilidade de fazer o programa de Au Pair ou então um trabalho voluntário (na foto abaixo estou com crianças em um orfanato na África do Sul) em algumas partes do mundo, além de algumas viagens específicas onde o foco não são os estudos. Como a variedade é grande, deixo aberto para questionamento de algo mais específico nos comentários ou por mensagens.

Trabalho Voluntário
Trabalho voluntário que fiz em Cape Town, na África do Sul

Além do programa certo, o que mais preciso analisar?

Na minha visão, além do programa ter que ser bem escolhido, envolve escolher uma boa agência, que te passe confiança e credibilidade. Aconselho sempre os estudantes a checarem o histórico da empresa que contratam os serviços. Não vou fazer propaganda de nenhuma específica, mas se tiver interesse, me mande uma mensagem privada que lhe recomendo boas agências na sua região!

É importante também contratar um seguro-viagem. A maioria das escolas e países exigem que os estudantes viagem com um seguro-viagem, e apesar de não querermos utilizá-lo, é importante tê-lo para caso ocorra qualquer imprevisto. Quanto à cobertura, quanto maior melhor, de acordo com a disponibilidade do budget.

Sobre o visto, sempre aconselho procurar um bom despachante, normalmente as agências contam com parceiros que fazem a parte dos vistos. Apesar de ser um valor mais caro a ser pago, é uma possibilidade maior e muito mais segura de ter o visto aplicado corretamente e consequentemente uma probabilidade maior de aprovação.

Passagem aérea: As agências costumam disponibilizar preços competitivos, é sempre bom dar uma boa pesquisada para encontrar o melhor preço e as melhores formas de pagamento da passagem. Poderá fazer grande diferença dependendo do país que escolher para realizar o intercâmbio.

Mente aberta

E essa dica eu dou de coração. Se você não consegue ser uma pessoa de mente aberta, nem tente fazer um intercâmbio, vá passear à turismo em algum hotel que a garantia de satisfação é maior. O intercâmbio envolve aprender com o diferente, nenhum aluno escolhe a família, são as famílias que escolhem os alunos. Não existe a possibilidade de exigir cor de pele, preferência sexual, etnia, e absolutamente nada. Por mais dinheiro que tenha, você não escolhe nenhum aspecto da família, e é importante ter essa consciência.

Já tive alunos investindo centenas de milhares de reais e alunos investindo cinco mil reais, no aspecto da homestay (casa de família), eles são absolutamente iguais para as instituições lá fora, são pessoas que serão recebidas por outras pessoas.

E como exemplo, tenho duas senhoras que decidiram ir para a Irlanda por duas semanas, ambas com mais de 60 anos e o mais legal é que decidiram ficar em casa de família exatamente para ter a experiência de viver um pouco com uma família de lá. Isso é ter mente aberta, depois de já ter vivido as mais diversas experiências no Brasil, ter a possibilidade do novo num outro país, onde tudo é diferente e o novo pode ser uma descoberta incrível, depende do quanto a pessoa está aberta para ele.

Toda pessoa, de qualquer idade, pode/deve fazer um intercâmbio, é uma das melhores experiências da vida, desde que você esteja pronto(a) para realizar essa experiência de coração aberto. E se decidir fazer um, depois me conta como foi, me chama para conversarmos sobre! E se por acaso você já realizou algum programa de intercâmbio cultural, conta aqui nos comentários, como foi sua experiência, quais foram os pontos altos e pontos baixos? Se tiver qualquer dúvida, pode falar comigo, estou sempre disponível para falar sobre o assunto e compartilhar as experiências!

“O que fica para nossa vida são nossas experiências”.


Publicado originalmente no LinkedIn.
Publicado posteriormente no Blog da Experimento.

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2 comentários em “Não é tarde para fazer um intercâmbio, basta estar preparado”

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